Em entrevista à Voz da América (VOA), o jornalista angolano Rafael Marques enfatizou a falta de uma terceira via política em Angola, atribuindo essa lacuna à profunda divisão na sociedade. Rafael Marques destacou que, embora a sociedade civil tenha se manifestado e expressado suas opiniões, ainda falta uma organização estruturada para canalizar essas vozes de forma eficaz.
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“O país só mudará quando alcançarmos um entendimento sobre qual deve ser a melhor forma de governação. Esta é uma decisão que nós, angolanos, unidos, devemos tomar. Não é uma decisão que devemos deixar nas mãos do Presidente, do Parlamento ou da oposição. Porque diz respeito a todos nós”, começou por dizer, tendo enfatizado que os Movimentos de Libertação (MPLA e UNITA) não conseguiram adaptar-se às novas gerações e continuam muito presos ao seu passado histórico. “Portanto, precisamos libertar-nos dessa mentalidade e construir novos caminhos, porque Angola não pertence nem ao MPLA, nem à UNITA”.
Ao ser questionado por que não há uma terceira via em Angola, Rafael Marques respondeu:
“Porque a sociedade angolana continua extremamente dividida. É por isso que não temos uma terceira via. Para termos uma terceira via, devemos, antes de mais, buscar ideias comuns para que sejamos liderados por ideias, e não por pessoas. Continuamos a seguir pessoas, mas devemos seguir ideias específicas para o país. Precisamos produzir essas ideias para que Angola seja um país melhor, com futuro, e onde os angolanos saibam elevar o respeito mútuo. É uma sociedade onde hoje não há respeito. Os valores estão todos atirados na lama! Então, precisamos valorizar e dignificar o cidadão angolano. Só assim poderemos construir terceiras vias, outras vias, a todos os níveis, e fazer ressaltar lideranças que tenham vontade de conduzir com base no conhecimento e não na prepotência, arrogância ou em uma suposta demagogia populista”, disse.
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